China trava
guerra contra ‘ocidentalização’ cultural
Agência
reguladora corta programação de TV influenciada por moldes americanos
COM AGÊNCIAS
INTERNACIONAIS
Publicado:4/01/12 - 10h34
Atualizado:4/01/12 - 10h49
Em uma campanha para conter o
“entretenimento excessivo”, a Administração Estatal para Rádio, Filme e
Televisão do país ordenou um corte de dois terços da programação (de 126 horas
semanais para apenas 38 horas) em outubro, mirando principalmente em programas
de calouros e de namoro, que exploravam “histórias emocionais” e que eram de
“mau gosto”.
Na última edição do jornal do Partido
Comunista, o “Qiushi” (que significa “Buscando a verdade”), o presidente Hu
Jintao alertou que o país deve promover sua própria cultura contra a
“ocidentalização” promovida por forças hostis.
“Nós devemos estar claramente cientes
de que as forças inimigas internacionais estão intensificando seus papéis
estratégicos para ocidentalizar e dividir nosso país”, escreveu Jintao. “Os
campos do pensamento e da cultura são importantes setores que eles estão usando
para essa infiltração a longo prazo. Nós devemos reconhecer a seriedade e a
dificuldade dessa batalha, soar o alarme... e tomar medidas efetivas para lidar
com isso”.
O presidente não especificou quem
poderiam ser esses grupos hostis, nem exatamente como eles estão agindo contra
a China. Já as medidas de contra-ataque incluiriam o desenvolvimento de
produtos culturais que possam atrair o interesse dos chineses enquanto atendem
às “demandas de crescimento espiritual e cultural do povo”.
No fim do ano, os canais de satélite
começaram a exibir atrações que “promovem virtudes tradicionais e valores
socialistas”, de acordo com a agência oficial de notícias chinesa “Xinhua”, que
citou a posição da agência reguladora.
A agência “acredita que o corte na programação
de entretenimento é crucial para melhorar serviços culturais para o público, ao
oferecer programação de alta qualidade”, continuou o meio de comunicação
governamental.
O governo tem travado uma longa luta
para promover o que acredita ser um ambiente cultural saudável, em contraste
com os cada vez mais ousados programas de TV e filmes de Hong Kong, de Taiwan e
do ocidente, que circulam livremente pela internet e através de DVDs piratas.
A cada ano, a agência reguladora
permite que 20 filmes estrangeiros sejam exibidos no país. Os líderes da
bilheteria chinesa, por exemplo, foram “Avatar” e “Transformers 3”, e a cantora
Lady Gaga é tão popular quanto qualquer cantor chinês.
A estratégia de defesa chinesa inclui
ainda a tentativa de expandir sua cultura para outros territórios. A abertura
de unidades do Instituto Confúcio em outros países para que estrangeiros
aprendam o mandarim, investimentos na operação de organizações de mídia do
governo (como o “Xinhua” e a Televisão Central da China) em cidades internacionais
- na esperança de que a sua visão sobre acontecimentos mundiais se torne tão
comum quanto a da mídia ocidental - são algumas dessas contrapartidas.
Até histeria e tristeza sofrem censura
A China censura rotineiramente qualquer
coisa que considere politicamente sensível ou ofensivo e oferece uma dieta
patriótica através das emissoras estatais, que os jovens, cada vez mais
cosmopolitas, consideram maçante.
Algumas atrações populares da TV
americana têm muitos fãs na China, apesar de nunca serem exibidas nos canais
chineses, graças à internet e à pirataria.
No ano passado, a agência reguladora de
audiovisual chinesa anunciou a suspensão de uma estação de TV no nordeste do
país por exibir programas que mostravam desrespeito a um pai idoso e ampliava conflitos
familiares.
Em 2007, “Super Boy”, um concurso de
cantores nos mesmos moldes de “American Idol”, recebeu a ordem de veicular
apenas “músicas saudáveis e que inspirem ética”, além de ser orientado a evitar
“fofocas” e não exibir cenas de “mau gosto” de fãs histéricas ou competidores
que caem no choro ao perder a disputa.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/china-trava-guerra-contra-ocidentalizacao-cultural-3563378#ixzz1iUuWCkco
Nenhum comentário:
Postar um comentário