quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

CORRESPONDER



A situação das pessoas mais velhas






Esta é uma situação comum em muitas casas. São circunstâncias que por vezes se tornam difíceis, mas que têm que ser assumida serenamente, como uma tarefa, difícil e ao mesmo tempo maravilhosa, de fazer felizes os nossos pais nos poucos anos que lhes restam de vida.

“A minha mãe – dizia-me há uns tempos um bom pai de família – é muito absorvente.  Desde que a trouxemos para nossa casa começamos a ter um monte de novos problemas.  Tem setenta e oito anos e está bastante doente. E a doença afeta-lhe um bocado a cabeça, e  exige muito nossa atenção, como te disse, para não dizer que às vezes está – peço desculpa – insuportável. Ela gostaria que estivéssemos o dia todo sentados ao seu lado e controla até a hora de  nossa chegada ao fim da tarde. Opina sobre tudo, e verdade é que às vezes perco a paciência.   Já pensei que seria melhor se estivesse num lar e assim acabar-se-iam os meus problemas. Mas logo depois me envergonho ao lembrar-me do quanto ela suportou antes e depois de eu nascer. E penso que não posso fazer menos do que corresponder agora ao recebê-la em casa.”
Por causa da sua idade e da sua doença, já quase não podem evitar ser como são. Querem atenção, cuidado e carinho. E às vezes atuam com um egoísmo invasor que temos que saber aceitar, com uma maneira de ser que pode ser bastante cansativa, e logo nos vem à cabeça pensamentos que de imediato vemos que são errados.

O ciclo da vida

Há que pensar que quando nós tínhamos seis meses, ou quatro anos, também seríamos muitas vezes difíceis de aturar, desagradáveis ou caprichosos. E com certeza nossa mãe mais do que uma vez perdeu a paciência ao ponto de lhe apetecer atirar-nos pela janela. Mas, naturalmente, não o fez, e aqui estamos.
Pensa nos anos que teus pais tomaram conta de ti. Agora se inverteram os papéis e tens tu que tomar conta deles. E não te esqueças de que, dentro de alguns anos, não muitos, os papéis se tornarão a inverter e será de ti que terão que tomar conta.  Pensa que ao tomares conta dos teus pais, ou sogros, além de cumprir um dever de justiça e de carinho, estás a dar um grande exemplo aos teus filhos. Vai-te preparando para esse momento e atua agora como queres que aconteça contigo no futuro.

RECEBE-SE O QUE SE DEU

Soube que, nos dias de princípio de férias ou de fins-de-semana mais compridos, dá entrada nos hospitais uma quantidade enorme de pessoas de idade avançada. E isso não porque nesses dias os avôs tenham alguma doença especial, mas porque muitas famílias querem desfazer-se dos seus pais idosos e assim passar as férias mais descansadas. Pergunto-me se haverá realmente paz e alegria nessas famílias durante esses dias de descanso, depois de abandonar assim quem lhes deu a vida.
Nessas famílias em que os irmãos não se entendem, em que ninguém tem disponibilidade para atender materialmente às necessidades dos pais idosos, em que – no melhor dos casos – os suportam uns poucos dias em cada casa e com cara de chateados; nessas famílias, é de esperar que dentro de vinte ou trinta anos tenham dos seus filhos um tratamento parecido nos seus últimos anos de vida.
Por outro lado, conheci, felizmente, outras famílias que consideraram um orgulho fazer felizes os seus pais já idosos, e que fizeram grandes malabarismos para acolhê-los bem. Isso os levou a ter que renunciar a muitas saídas e muita aparente felicidade, mas são famílias felizes e pode-se prever uma velhice feliz, porque os seus filhos terão visto, como numa aula prática, como se trata dos próprios pais quando ficam velhos.

Alfonso Aguilló.

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