terça-feira, 19 de julho de 2011

ÁGUA: BEBER OU NÃO BEBER,EIS A QUESTÃO.

Por Bruna Iasi | 15/07/2011 - Atualizada às 12:33

Os níveis de sódio do corpo precisam estar muito baixos para que a água faça mal
Os níveis de sódio do corpo precisam estar muito baixos para que a água faça mal
Foto: ArtMast/ Stock.Xchng
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Segundo texto publicado esta semana no "British Medical Journal", escrito pela médica Margaret McCartney, de Glasgow, na Escócia, o conselho de beber cerca de dois litros de água por dia é "nonsense". Eu, particularmente, discordo do texto que ela publicou. Desde que estudo nutrição (há 11 anos), a água sempre foi ponto chave para uma vida saudável.

A água é o maior componente singular do corpo, sendo seu principal constituinte (entre 70% a 75%) e sua quantidade depende de vários fatores estabelecidos durante a vida do indivíduo, entre eles a idade, o sexo, a massa muscular, o aumento ou perda de peso, o tecido adiposo, e até mesmo a gravidez ou lactação. Como porcentagem de peso corpóreo, a água varia entre os indivíduos, dependendo da proporção de músculo e tecido adiposo. A água total é maior em atletas do que em não atletas, e diminui significativamente com a idade devido a diminuição da massa muscular.

A água tem diversas funções essenciais em nosso corpo, algumas delas são:

  • atuar como solvente para funções celulares;

  • atuar como componente estrutural que dá forma as células;

  • essencial para processos fisiológicos de digestão, absorção e excreção;

  • meio de transporte para os nutrientes e todas as substâncias corpóreas;

  • papel importante na manutenção da temperatura corpórea.



  • E como saber se a quantidade de água que estamos bebendo está adequada ou não? Inicialmente é importante saber como o corpo controla esta necessidade. A sensação de sede é o principal sinal de que o corpo necessita da ingestão de fluídos (mas, vale ressaltar que é necessária mais atenção em crianças, idosos, doentes e atletas que podem ter este reflexo de sede diminuído). E este controle dá água que precisa ser ingerida versus a água que foi excretada é feito através de um hormônio conhecido como ADH (hormônio antidiurético). Caso a quantidade de água ingerida não seja o suficiente para o organismo, os rins compensam esta falta conservando água e excretando uma urina mais concentrada. Por isso, a urina de quem bebe água adequadamente está sempre clara.

    O corpo não possui condição de armazenamento de água; portanto a quantidade de água perdida a cada 24hs deve ser reposta para manter a saúde e a eficiência das funções que ela intermedia. E em caso de esta necessidade não ser reposta, pode ser que a pessoa entre em um quadro de desidratação que pode resultar em dificuldade de concentração, tontura, espasmos musculares, coma e até mesmo a morte em casos graves.

    Sob circunstâncias de perdas normais (sem excesso de transpiração por calor excessivo, febre ou prática de atividade física) a perda de líquidos para uma pessoa pode chegar a 2,3 litros/dia. Em tempo quente, esta perda pode chegar a 3,3 litros/dia. A recomendação de ingestão hídrica é de 35ml/kg de peso corpóreo/dia Isso resultaria em aproximadamente 2 litros/dia para uma pessoa de 55kg, ou aproximadamente 2,5 litros/dia para uma pessoa de 70kgs. 

    Se a pessoa ingerir por dia 300 ml de água proveniente dos alimentos, ainda restam quase dois litros por dia para serem ingeridos através da água ou de outras bebidas. Por todos os motivos que eu expliquei acima, eu continuo a prescrever para os meus pacientes no mínimo dois litros de água por dia. Tenho certeza que mal não fará, pois para que a água cause uma diluição de sódio na corrente sanguínea, a quantidade tem que ser absurdamente alta, ou o sódio estar abaixo por algum outro motivo. 

    Sendo, assim, beba bastante água e seja feliz!

    O texto do jornal britânico pode ser lido no seguinte endereço http://www.bmj.com/content/343/bmj.d4280. 

  • Bruna Iasi


    Consultora Webrun da seção Mulheres. É bacharel em Nutrição pela São Camilo e Especialista em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP - EPM.
    Blog: http://esportenutricao.blogspot.com/

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