quinta-feira, 14 de julho de 2011

A HERANÇA DO PENSAMENTO

O ser humano é o herdeiro universal de todos os dons da Criação. Mas isto não quer dizer que os herde naturalmente; significa somente que é o único que pode herdá-los. Pode herdar todo o bom como todo o mau que existe, segundo sejam suas inclinações e o grau de discernimento alcançado. Conceituamos, pois, de primordial importância para a vida da pessoa: a herança do pensamento                                            
                                                                                               
Por uma lei sábia e universal, inalterável e inexorável, os legados da inteligência pertencem à humanidade.
Os pensamentos de alta hierarquia moral e mental que animaram a vida de tantos homens esforçados e abnegados, de renome mundial, não recolheram suas asas ao se extinguir essas vidas, nem se ocultaram entre as páginas do último sonho ou entre as sombras da última morada; ao contrário disso, remontaram o voo e, em fecundas e gloriosas etapas, cruzando mares e continentes, espalharam pelo mundo os benefícios de sua presença, como agentes precursores de grandes verdades e como auxiliares poderosos do entendimento humano. Assim, navegando pelos céus de todos os povos que existem na Terra, já vimos os nomes de gênios, sábios e heróis de cruzadas eternamente memoráveis.

Os velhos mestres da Antiguidade, entre os quais estiveram pensadores famosos e filósofos, se dedicaram de corpo e alma a exemplos que acreditaram fossem justos; os cientistas que apontaram novas rotas para o melhoramento humano sempre foram tidos como grandes, quando seus pensamentos conseguiram despertar a atenção e fizer que se percebesse o bem que continham.

Em quantas mentes a luz desses pensamentos penetrou? Quantas foram fecundadas pela semente de extraordinárias concepções da inteligência, nas quais eles participaram com todo o poder de sua influência criadora?

Eis explicada à herança do pensamento. Vamos agora nos referir aos que, herdando o pensamento de celebridades universais – como veículo influente que permite sua maior expansão –, deram motivo a que germinassem os conhecimentos em épocas florescentes, estendendo-se os benefícios por todos os âmbitos do mundo.



Assim, os descobrimentos da ciência tiveram seus continuadores, os quais, em heroicas jornadas e numa leal consagração à causa da humanidade, mereceram participar da glória de seus principais inspiradores, cujos nomes pluralizaram ao serem chamados os Pasteur, os Newtons, os Ehrlichs, os Marconis, etc. Tais menções, por outro lado, implicam o reconhecimento da autoridade dos dignos herdeiros daqueles pensamentos benfeitores, que tantos serviços prestaram à humanidade.

Poderão nos perguntar, ainda, o que é que com maior força pode vincular as mentes aos pensamentos de elevada hierarquia de eminências que existiram ou existem, cuja capacidade ficou evidenciada por suas produções de elevado valor moral, científico ou de qualquer outra espécie, e nós responderemos sem a menor dúvida: o exemplo.



 Esta é a expressão inconfundível e mais acertada com que se pode reconhecer a legitimidade dessa herança.

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Trechos extraídos da Coletânea da Revista Logosofia, tomo 3, p. 83

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